Réquiem intermediário.

16:50 / Postado por Romário Matos /


Vim ao mundo e fui saudado por uma fria madrugada de domingo e alguns rostos estranhos.Sentí medo e dor quando pela primeira vez experimentei o ar atmosférico tão homogênico invadir-me os pulmões. Chorei, e fui acalentado por um colo quente e por uma voz que há nove meses conhecia muito bem, estava com minha mãe.
Fui levado para um lar, repleto de anjos, que no começo não estavam tão à vontade com minha presença, mas que depois, não conseguiam imaginar os dias sem mim. Amei-os todos com tudo que pude. Fui descobrindo aos poucos e impacientemente os segredos e as sensações da vida, tendo sempre esses anjos do meu lado, e observando-os, aprendi bastante.
No princípio, tinha medo de tudo quase, do escuro, da solidão noturna, do silêncio, de circo, das mudanças, mas aprendi a conviver com o medo. Anos mais tarde, eu já gostava e sentia falta de tudo isso, e o que temia então, era a ausência do temor.
Descobrí na música a saída para quase tudo. Consolidei na minha família o meu lar, de fato, o meu ponto forte e , ao mesmo tempo, o meu "calcanhar de Aquíles".
Aproveitei minha infância sim, naquele tempo não pensava na efemridade do tempo, mas fiz juz ao tempo gasto pelos poetas para descrever a passagem do tempo em papel.
Dediquei-me à várias coisas , algumas delas não levei à diante, mas fiz bom uso de toda forma de conhecimento adiquirido. " Amei e odiei como toda gente", chorei várias noites, sorri na maioria delas. Consegui alguns probelmas, fiz ações que me cuasaram arrependimento mais tarde. Tinha medo da morte, do fim, do ponto, seja lá qual a pontuação...agora não mais.
Minha última noite passei pensando no que faria quando tivesse minha casa, minha vida independente, minhas obrigações mais presentes. Adormecí. Acordei como qualquer outro dia, mas na sucessão das atividades diárias percebi que muito de mim já não existia mais, meus pensamentos, minhas ações, minhas opiniões e desejos. Pouco a pouco um pedaço de mim se afastava de mim...se sem dor, morreu.
O que hoje de mim resta é fruto de tudo que fiz ou não na infância. Agora nasço outra vez, em uma noite escura, fria e nublada. Menos criança, mas não menos inconsequente, apenas sabido que de tudo que eu fizer ou não a partir de hoje, servirá de um bom réquiem mais tarde.

3 comentários:

Comment by Moda pra que te quero... on abril 25, 2009

aim romario!lindissimo texto,mt belo mesmo!
me emocionei!parabens!
ps"agora vc ja eh um homenzinho"
te adoro muitaum tio!vc escreve muitooooooo bem!

Comment by Isabelle on abril 29, 2009

Olá!
Vou ser a sua fiel comentarista,ok?!
Amei os seus textos,pois são belos aos nossos olhos e exuberantes para a nossa mente!
Parabéns!
Abraços!
:)

Comment by Beatriz C. Ribeiro on abril 29, 2009

Muito, muito bom texto.
Percebe-se originalidade -algo extremamente raro.
Realmente emocionante.
Parabéns.

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