Soneto do desapego

09:00 / Postado por Romário Matos / comentários (0)

Edward Hopper, Summer Interior



O que me consome agora é o que não ficou em mim
Tudo aquilo que outrora causei
Tudo o que jamais senti
É o que me integra e de mim não sai

No peito, um vazio
Um silêncio, um pesar, uma pedra
Que não para de pulsar, sangrar
Na iminência de, para sempre, me deixar

Cai dos meus olhos as lágrimas que nunca tive
Contra minha vontade elas teimam em cair
E se encontram quando tocam meu peito

Essa vida dando cabo da gente
E só se percebe quando sai de repente
Me deixando um enorme penar

" Não venhas, meu amor, eu já morri." - Antônio Botto

Tenho um coração! Bem melhor que não tivera.

08:52 / Postado por Romário Matos / comentários (0)


"Eu te amo - disse.
E o mundo despencou-lhe nas costas. Não havia de sofrer tanto.
O mundo pesa sobre o amor. Leveza dá pena no espaço.
E se teu amor por mais pedra não voar: liberta tuas costas do peso que não carregas.
E se teu amor por mais pena não mergulhar: vai te banhar e olha-te no olhar que não te cega.
Se teu amor te pesa mais que o mundo que carregas: degela-o e deixa-o beber os deltas."


Tata Fernandes / Kléber Albuquerque