(De)vagando...naquela estação

17:31 / Postado por Romário Matos / comentários (2)


Na mesma estação de outrora. Agora, a chuva passada deixou subir do chão de terra batida, o cheiro de esperança molhada trazendo junto de si a saudade de quem ali não mais estava.Na
calçada, junto às malas, as pessoas passavam apressadas, buscando em cada um de nós um rosto conhecido.
Era lindo e eu morria de medo. Nada entre tudo aquilo me chamava a atenção a não ser o livro que eu tinha em mãos, e a pessoa ao meu lado. Uma jovem senhora que parecia saber mais sobre mim do que eu mesmo. Ela sim, em meio a tudo aquilo, me prendia.
Lembro-me vagamente das coisas que ela falava, o que mais me marcou foi seu cheiro. Um aroma maravilhoso de vidas passadas, de pingos de chuva a molhar as telhas, do café matinal, cheiro de abraço de mãe.
Quando a calçada da estação não nos dava mais espaço para andar, olhando para os trilhos cheios de grama por sobre eles, a jovem senhora me encarou, do fundo dos seus olhos castanhos cobertos por uma fina camada de amor, e disse-me:
-Tu já andaste por esse mundo todo, já amaste muitas vezes, já sofreste por demais. Agora vá! termines de escrever o último capítulo da sua vida que começaste a escrever quando, dessa vez, nasceu.
E quando isso já não me fazia sentido algum, acordei.