Soneto do desapego

09:00 / Postado por Romário Matos /

Edward Hopper, Summer Interior



O que me consome agora é o que não ficou em mim
Tudo aquilo que outrora causei
Tudo o que jamais senti
É o que me integra e de mim não sai

No peito, um vazio
Um silêncio, um pesar, uma pedra
Que não para de pulsar, sangrar
Na iminência de, para sempre, me deixar

Cai dos meus olhos as lágrimas que nunca tive
Contra minha vontade elas teimam em cair
E se encontram quando tocam meu peito

Essa vida dando cabo da gente
E só se percebe quando sai de repente
Me deixando um enorme penar

" Não venhas, meu amor, eu já morri." - Antônio Botto

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