Deito lentamente em minha cama. Agora só o som da chuva e do céu, castigando a terra, com seus raios, relâmpagos e trovões. Olho infinitamente o horizonte, cinza, e ele me retorna o olhar com o ar de inalcançável, supremo.
Recordo minha vida. As quedas da bicicleta, os medos, as noites sofridamente superadas, os rabiscos, os primeiros livros, a saudade.
Se pudesse, voltaria. Correria as ruas como qualquer criança, e sem compromisso nem vergonha, gritaria, pegaria a bola, tomaria um banho de chuva sem reparar em quem me olha.
Dançaria em qualquer lugar, chegaria antes de todos para não ser " a mulher do pato".
Brincaria os 'sete pecados' até ir ao paredão.
Ouviria minha avó dizer: ' ô Romário, é hora de subir, vambora!'
Enfrentaria uma manhã inteira de desenhos animados, depois 'faria hora' para não tomar banho. Lamberia a bacía com a massa do bolo, depois, é claro, de tê-la furado com o dedo.
Acordo. Esqueci o som ligado. Escrevo minhas letras, estudo, toco meu violão, leio uns livros.
Não sei se, futuramente, desejaria voltar a esse momento e fazer diferente. Tento aproveitar da melhor maneira possível.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário